Uma Maria brasileira saudadeana, Anali Mattar, resgatou um poema seu sobre a gravata borboleta, tudo a ver com nosso espírito Quitiano e as paixões coletivas, se explicar mais estraga.
Para quem não sabe dar um nó, assista a aula do mestre gravateiro (o que não é o caso de nenhuma Maria brasileira, afinal todas são especialistas em nós).
Anali Mattar
assim mesmo, qualquer hora, de pijama,
é sensação paciente de contornar com o dedo uma gravata
borboleta
num estado de perfeição minuciosa
cada ponto traçado junto
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo
e o cavalheiro ao lado diz o que é a repetição poética
sentido de forma contínua o gesto,
sempre o gesto, mas este:esse, sem corte,
é sensação sem lógica, horizontal, que já nasce grande sem nunca
envelhecer
num estado de amargura se cerca de doce amargo
cada minuto passado junto
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua
e a saudade que é corpo do prsente,
vira pra ele, possuida, requisitando as teclas
num estado de euforia dormente
cada letra junta no espaço branco
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu
e a saudade dorme estão de gravata borboleta
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