Grafite (Helena Kolody)
Meu nome
desenho a giz no
muro do tempo.
Choveu
sumiu.
desenho a giz no
muro do tempo.
Choveu
sumiu.
Mandalas na areia
(Amanda)
Somos
fazedores
inventadores
de ilusões
(Estas
letras são pegadas de gaivotas no tempo)
de rimas
que nunca existiram.
desolha onda que vem
(Lívia Berthe)
(Lívia Berthe)
usar óculos escuro na chuva.
olhar escuro que tudo muda.
me sente.
e aquele toque de veludo com que sempre sonhei?
pintar ei.
gesso giz cré cal
greda: sizígia me segreda
(Turquesa)
que pelos céus sob os
quais
vão se primaverando
estrelas
em setembros
luas temporais
venha a florescência
do verbo
não só fogueado em
cor fátua
sobretudo
sobre todos
agostos e outubros
primavera:
que seja flor enquanto promessa
Serena
(Jo Ana)
(Jo Ana)
Meu nome
sonho sem tinta
nas nuvens
Comeu
sumiu
mas alguém dormiu cantarolando a serenata
nata do pão doce
serena
serelena
Sina
(Caro Liz)
e na trama do nome próprio
um é isca
dois é pista
três tristes tigres
mais um mais um mais um mais um mais um mais um
nove
a rede resiste
e a mão que firma risca a sina.
e a mão que firma risca a sina.
Minha mão não tem nome
(Anali Mattar)
durmo na rede
numa casa sem parede
e na rua dos bobos número zero
o tempo é uma flor diferente na cortina do quarto
o drama é a saia da cama
o salgado doce
o outro pouco
o eu eco rouco
o tronco
o conto
o pronto
o ponto
verde no azul abusado da joaninha no peito da mão sem nome
da menina.
da menina.
(Denise Vieira)
Tenho um eu
mutante
múltiplo
de cada um
Tenho um eu
que corre
e outro que contempla
aquele que inflama
um outro ainda
que ri
e o que chora
tenho um eu
que é meu
que me acompanha
de dia e de noite
E quando mais dias
não houver
Tenho aquele que ama
e que permanecerá
um eu que não sou mais
e aquele que virá.
onde?
(Olivia Lucce)
muro
que muro?
não o vejo
muro
que muro?
não o toco
muro
que muro?
não o falo
muro
que muro?
não o escuto
muro
que muro?
não o degusto
muro invisível. cego. etéreo. mudo. surdo. insípido. intocável.
muro fronteira
muro rumo
a palavra
(Maia Amai)
dizem que a história surgiu com a palavra escrita
dizem que a palavra escrita inventou a ficção
dizem que a ficção é à base de realidade
e a minha realidade é a palavra
minha história se faz pela palavra
palavra inquieta, equívoca, opaca, angustiada
palavra escrita, história, ficção, realidade
tudo é falta
jamais preenchida
tudo é falta
palavra não dita
tudo é falta
tudo e nada
onde?
(Olivia Lucce)
muro
que muro?
não o vejo
muro
que muro?
não o toco
muro
que muro?
não o falo
muro
que muro?
não o escuto
muro
que muro?
não o degusto
muro invisível. cego. etéreo. mudo. surdo. insípido. intocável.
muro fronteira
muro rumo
a palavra
(Maia Amai)
dizem que a história surgiu com a palavra escrita
dizem que a palavra escrita inventou a ficção
dizem que a ficção é à base de realidade
e a minha realidade é a palavra
minha história se faz pela palavra
palavra inquieta, equívoca, opaca, angustiada
palavra escrita, história, ficção, realidade
tudo é falta
jamais preenchida
tudo é falta
palavra não dita
tudo é falta
tudo e nada
Um comentário:
Cida Ikovê (Cida Ikovê)
Firmo: Cida Ikovê
e afirmo meu nome de autora
mas amanhã assinarei
uma vez mais: Cida Ikovê
e depois assinarei
várias vezes mais: outros nomes
(Olivia, Caro, Turquesa, Amandoada, Denise, Eline, Helena, Lívia, Maia, Anali, Alícia, Anônimo, Jo...)
até que de meu nome tão próprio
um dia na rua me chamem de Palimpsesto Perfeito.
Juro que não olherei para trás
e seguirei caminhando como se tivesse apenas ouvido mais um psiu.
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